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quinta-feira, 19 de abril de 2007

Para o dia que não dorme

Quadro de Nuno Nello
Os louros deitam suaves sobre teus ombros
Namorando teu rosto dentro da taberna discreta
Eu procuro grafite no teu olhar
Busco o açúcar mascavo da tua voz, que me serve de psicodélico agente
Você fala, tudo me soa música, densa, lenta e naturalmente melodiosa
Você ri, eu me perco num dia de muitos invernos atrás, quando todo tempo do mundo era nosso
Quando nosso louco amor fazia vezes de pacífico oceano
Lá fora, o veterano mundo novo come e dorme normalmente
E eu nem ligo
O mundo morre muitas vezes, respira com ajuda de aparelhos, sobrevive
Assiste impassível o escorrer do tempo numa ampulheta
Daquele dia longe até hoje, noites não faltaram, sonhos, perdas
Quatro mil voltas em torno do sol
E tudo, tão somente, para te ver novamente
E recordar o dia que não morre
Não dorme, nunca dorme


Texto de Paulo Roberto Andel

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