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quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Aqui e agora

Andava livre e despreocupado com a vida, o dia seguinte era sempre outro dia e nada tinha a ver com o dia anterior. Lia livros e delirava com seus pensamentos. Criativo e irrequieto, o músico esquecia o ontem e nem pensava no amanhã. Queria curtir. Mas, às vezes, lhe batia uma tristeza, uma melancolia, mesmo no palco e em música alegre sentia que faltava algo. Família não era sonho, pois a realidade lhe era muito distante. Dinheiro era para o momento, segurar só a guitarra e as mulheres daquela noite. Errante, sem destino, sem programação, objetivos falidos, inválidos.

Na infância pensava no quão duro seria a responsabilidade de sustentar uma casa, pessoas, filhos e de como ter que ser reto, sem deslizes. Terror. Pavor. Despreparado era como se sentia. Viu, no entanto, que existiam pessoas menos responsáveis, descomprometidas, mas, que se aventuravam. E se assustava. Pareciam felizes. Como conseguiam?

Tentou pela vida a fora encontrar seu amor, seu caminho. Bateu de porta em pessoas e os desacertos se acumulavam. Importava-se com cada detalhe. Onde tinha errado? Mudava, se aprimorava, o cenário continuava o mesmo. Errante.

Desatinos, mais uma decepção e lá ia ele insistir em outra trilha. Cansou. Largou tudo de lado, fez o que deveria, pensava ele, o que tinha que ter sido feito desde o início. Ao invés de tentar uma vida reta, correta e preocupada com os sentimentos, seus e dos outros, desregrado deveria ser.

Manteve o bom senso e não destruiu a vida, mas, sim, deu pouco valor para reunir dinheiro. Investiu no ser. E curtiu cada instante como se fosse único.

Nas baladas das suas músicas exprimia o que sentia o que percebia. Introspectivo, pensativo, angustiado e alegre. Feliz com pequenos momentos, triste considerava o louco mais lúcido ou o sereno mais doido.

Paz de espírito estava jogado na rede. Escrevia sua nova música. Intocável. Distraído. Aquele homem foi o melhor que conheci. De uma tranqüilidade capaz de me contaminar. De um olhar, de uma ternura ímpar. Puro. Viril. Queria alcançá-lo, mas o mundo dele era outro. O dos devaneios, do céu e da terra. Das águas, das cachoeiras e do caminhar por entre as pedras. As folhas eram brilhos nos raios de Sol, a palavra poesia e seus beijos de um amor incomensurável. Como o amei, e ainda o amo. Aqui estou aqui e agora. Venha me buscar e lhe farei feliz por toda a vida.

Um comentário:

Isa disse...

O ter não é nada! O ser é tudo! Carlos querido, esse homem com certeza é feliz.